segunda-feira, 26 de abril de 2010

De Aristóteles a Madonna, feriado é para celebrar

Tem gente que pensa que um feriado na quarta-feira, como foi o último 21 de abril, é uma maravilha. Afinal, é uma pausa para relaxar, ir ao clube, promover um encontro entre amigos ou simplesmente não fazer nada e ficar de pernas para o ar, em pleno meio de semana. Outros vão no sentido contrário e praguejam contra o feriado na quarta-feira. Ora bolas, por que não é na terça ou na quinta, que nos dá a oportunidade de, como dizem os lusitanos, fazer a ponte, ou como dizemos aqui deste lado do Atlântico, enforcar a segunda ou a sexta, conforme o caso?

Na edição da revista Veja de 2 de novembro de 1994, um dia de finados que caiu numa quarta-feira, Jô Soares, que não sei se defino como humorista, escritor, apresentador, articulista ou tudo isso junto, publicou um dos seus artigos mais memoráveis de sua trajetória como colunista do periódico. No texto, Jô Soares dizia que o feriado na quarta-feira deixa as pessoas em dúvida. Afinal, enforca-se a segunda e a terça que precedem o feriado ou a quinta e a sexta que vêm depois dele? O colunista dava a solução. Para acabar com o dilema, basta enforcar a segunda e a terça, descansar no feriado propriamente dito e enforcar a quinta e a sexta! Assim, tira-se a semana de folga e acaba-se com a dor de consciência. Aliás, dizem que essa foi a solução adotada por alguns políticos...

Mas e os que não têm como enforcar coisa alguma e têm que bater ou assinar ponto e cumprir jornada de trabalho? Será que esses devem aplaudir ou vaiar o feriado na quarta-feira? Sinceramente, acho que feriado é sempre feriado e temos que comemorar. Não é por acaso que uma das canções de maior sucesso de Madonna diz: "Se tivéssemos um feriado/ Tirar um tempo para celebrar/ Um dia que fosse fora da rotina/ Seria tão maneiro!/". Mas, Montanha, você está citando a Madonna para escrever um artigo? Sim, estou. Madonna, a mãe da Lourdes Maria. Ela mesma!

Mas se você acha que Madonna é indigna de ser citada em qualquer coisa que não seja uma danceteria, ou ainda, se você é como alguns artistas que se acham supremos e que afirmam que o sucesso da Madonna é a prova da infinitude da burrice humana, vou destilar aqui um pouco de filosofia. Então segura que lá vai!

Uma das afirmações mais conhecidas do filósofo grego Aristóteles diz respeito ao ócio. Isso mesmo: a folga, o ficar à toa. Segundo ele, não pode existir filosofia sem o ócio, ou seja, para refletir sobre o homem e tudo que o cerca, para criar conceitos, para exercitar livremente a arte de pensar, o sujeito precisa estar livre do peso do trabalho. Trocando em miúdos, só tem tempo para refletir quem não precisa trabalhar. Para Aristóteles, alguns tinham que trabalhar para que os outros pudessem se libertar desse peso e exercer a filosofia.

Voltando ao nosso dilema do feriado na quarta-feira, não há dúvida de que ele precisa ser celebrado. Seja para um tempo de contemplação, meditação, leitura, seja para fazer festa e jogar conversa fora, um feriado na quarta-feira é sempre um grande presente.

Vejam o meu caso: saí de Brasília no vôo das 6h30 do feriado e fui para BH, minha deliciosa terra, onde minha esposa ainda está morando por questões de trabalho. Além de passar o feriado com ela, encontramos alguns amigos muito chegados em um churrasco. Deu tempo de visitar meu sogro, que estava internado na semana passada, mas, graças a Deus, já deixou o hospital. Saindo do hospital, tivemos tempo de tomar um sorvete e, ao chegar à casa de minha sogra, onde passaria a noite, uma caçarola italiana deliciosa estava à minha espera! Pode ser que quem fala mal de sua sogra tenha lá suas razões, mas eu, como fica claro nesse relato, não tenho o que reclamar da minha! No dia seguinte, foi só tomar o avião cedinho e voltar para Brasília e para o batente.

Viram quanta coisa se pode fazer num feriado de quarta-feira? Por isso, devemos comemorá-lo, sempre. De mais a mais, como disse minha esposa, já inventaram o avião! Graças a ele, deu para fazer tudo isso em um dia, numa cidade a mais de 700 quilômetros de onde moro. E, convenhamos, nunca foi tão barato voar. Portanto, no próximo feriado que cair numa quarta-feira, faça o máximo de coisas legais que você conseguir e comemore, comemore muito!

domingo, 25 de abril de 2010

E não é que os chamados pequenos engrossaram?!?!

Se alguém ainda achava que as finais dos campeonatos paulista e mineiro, os principais a envolver times da série A contra times da série B do Brasileirão, seriam favas contadas em favor das chamadas equipes de ponta, teve uma agradabilíssima surpresa, ao menos do ponto de vista de quem gosta de futebol de qualidade. É verdade que Atlético MG e Santos, os representantes da série A, saíram vencedores. Mas a derrota foi vendida a peso de ouro pelos adversários Ipatinga e Santo André, respectivamente. Aliás, até o placar foi o mesmo: 3x2, tanto para o Peixe como para o Galo.

Ipatingão

Na final mineira, embora o Atlético tenha sido superior ao Ipatinga durante a maior parte do jogo, o Tigre do Vale do Aço chegou algumas vezes com muito perigo ao gol adversário, fazendo até uma certa pressão em alguns momentos, com sequências de ataques muito bem articulados. Tanto que foi o Ipatinga o time a abrir o marcador, com mais uma demonstração de dificuldade da defesa do Atlético quando o assunto é a bola aérea. Jogada manjada, de cobrança de escanteio, mas a defesa do Galo caiu novamente.

O gol deu uma certa desarrmada no Atlético, que acabou reencontrando seu bom futebol depois de empatar a partida, graças a um pênalte desnecessário cometido pelo goleiro Douglas, do Tigre. No segundo tempo, o Galo começou pressionando e virou, mas o Ipatinga não se deu por vencido e correu atrás do empate, o que acabou se concretizando. Mas a tarde era do time de BH, que desempatou a partida e garantiu a vitória, ampliando a vantagem que já tinha para a decisão do campeonato mineiro (o Galo joga por dois empates ou vitória e derrota pelo mesmo placar). No jogo de volta, no Mineirão, no próximo domingo, o Ipatinga precisa vencer por dois gols de diferença para colocar a mão no título.

Pacaimbu

Já na final do Paulistão, o que se viu foi nitidamente um jogo de dois tempos, um para cada lado. Jogando com muita seriedade e muito bem postado em campo, o Santo André não só conseguiu neutralizar a afamada máquina de jogar futebol dos chamados Meninos da Vila, como chegou a assustar o Peixe logo no começo, quando perdeu dois gols que poderiam ter até mudado a história do jogo. No primeiro tempo, não se viu praticamente nada produzido por Neimar e Robinho. E assim o placar do primeiro tempo fez justiça ao melhor futebol apresentado pelo time do ABC Paulista, que abriu o marcador e foi para os vestiários vencendo a partida.

Mas o time da Vila Belmiro para fazer gols é como boiada na frente da porteira: se você abre a porteira para passar um boi, com certeza os outros vão passar também. Ou seja, não se pode levar o primeiro gol do Santos. E o Santo André, mesmo segurando bem o jogo, acabou sofrendo o primeiro gol, logo no início do segundo tempo. E onde passa um... isso meso! Passaram mais dois! E foi assim que o Santos, mesmo sem Neimar, que saiu no intervalo com dificuldades para enxergar por ter sofrido uma pancada no olho, mostrou sua superioridade e chegou aos 3x1. O time do ABC ainda reagiu e fez um segundo gol, mas a vantagem do Santos é a mesma do Atlético MG, ou seja, o Peixe só perde o título se for derrotado por dois gols de diferença no próximo jogo, que será também no Pacaimbu.

Expectativa

Mas o que os que gostam de futebol estão aguardando mesmo é o confronto dos dois melhores ataques deste início de temporada, exatamente o Santos e o Atlético MG. O primeiro, chegou a fazer dez gols num só jogo e venceu times conhecidos do grande público como o Guarani de Campinas por resultados impressionantes. No caso do Guarani, 8x1 no jogo de ida pela Copa do Brasil. Já o Galo chegou a fazer 12 gols em dois jogos na mesma semana, somados os resultados da Copa do Brasil e Campeonato Mineiro. Há mais um componente emocionante nessas oitavas de final da Copa do Brasil: Wanderley Luxemburgo, que não saiu bem quisto da Vila Belmiro pelos fracos resultados do Santos em 2009, certamente quer, e muito, vencer os meninos que, digamos, ele ajudou a criar. Fato é que esses 180 minutos de futebol entre o Galo e o Peixe, 90 nesta quarta-feira, às 21h50, no Mineirão, e os outros 90 na outra quarta-feira, na Vila Belmiro, têm tudo para figurar entre os jogos mais emocionantes do futebol brasileiro dos últimos tempos. Não nos iludamos: nem Santos nem Atlético são times espetaculares, mesmo o Santos sendo hoje um time de mais show do que o Atlético. Mas, se as duas equipes entrarem em campo mostrando o que sabem, respeitando a disciplina imposta por seus treinadores e jogarem sério, teremos realmente dois jogos espetaculares. Que assim seja!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Promoção da Nextel: sem limites para descumprir o próprio regulamento

Durante a segunda quinzena de março e a primeira de abril, a empresa de telefonia móvel Nextel lançou uma promoção tendo o vocalista dos Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna, como garoto propaganda. Muitos devem se lembrar de ter visto na TV dois anúncios, um com locução e uma fala do artista no final e outro totalmente feito por Vianna, em que o desafio de sua vida a partir do acidente que o tornou usuário de cadeira de rodas, tendo que superar limites dia após dia, era comparado ao serviço da operadora, que oferecia, digamos, uma comunicação sem limites. Uma campanha muito criativa, vale ressaltar.

Participar da promoção que fazia parte da campanha era uma tarefa bem simples, ao menos para quem soubesse cantar minimamente afinado, e sem fazer feio diante das câmeras. Pelo regulamento da promoção, a pessoa deveria fazer um vídeo em que aparecesse cantando a música "Lanterna dos Afogados", dos Paralamas, postar o material filmado no site You Tube, fazer sua inscrição no site da promoção informando o link do vídeo e aguardar até que a empresa enviasse o link para que o dono do vídeo divulgasse a promoção entre os amigos e pedisse votos para o seu trabalho. Ainda segundo o regulamento, a cada semana da promoção, os dez vídeos mais votados seriam julgados por uma comissão designada pela Nextel e empresas parceiras, de modo que o vídeo vencedor de cada semana sairia dentre esses dez. O regulamento estabelecia ainda que os vídeos que não vencessem em uma semana continuariam sendo votados e poderiam sair vencedores nas semanas seguintes. Como prêmio, os vencedores das quatro semanas da promoção receberiam uma guitarra autografada pelo Herbert Vianna, da mesma marca e modelo utilizados por ele no show, e um convite especial para uma apresentação dos Paralamas do Sucesso em local a ser definido após o fim da promoção.

Como a promoção não pedia nenhuma mirabolância, já que fazer um vídeo atualmente é uma coisa muito simples e já que eu não me considero desafinado e, sem falsa modéstia, achei que poderia dar até uma boa interpretação a uma canção da qual gosto muito, decidi participar da promoção (clique aqui i assista ao vídeo). Cumpridas as exigências e feita a inscrição, começaram os problemas. Embora a Nextel informasse, na confirmação da minha inscrição no site, que enviaria o link para a votação dentro das próximas 24 horas, isso só veio a acontecer quase 48 horas depois da inscrição. Não dei tanta importância ao fato, julgando ser um problema operacional corriqueiro e que não afetaria tanto assim a votação, desde que eu enviasse o link aos meus amigos e mobilizasse o maior número possível de pessoas para votar. Foi o que fiz tão logo recebi o e-mail da promoção com o link. Como não havia proibição de votos múltiplos pela mesma pessoa e o site não fazia restrições à votação pelo mesmo IP, recomendei aos meus amigos que votassem o quanto conseguissem, e estou certo de que os demais participantes da promoção fizeram o mesmo. Eis aí a primeira falha no sistema de votações. Como não havia restrições a votos pelo mesmo IP e como não era exigida nenhuma confirmação para o voto, algo que provasse que o voto era realmente de uma pessoa e não feito a partir de um programa de computador, a porteira ficou aberta para quem utilizasse esse tipo de ferramenta para atribuir milhares de votos de uma só vez a um determinado candidato. De minha parte, preferi distribuir mensagens via e-mail, Orkut e listas de discussão e pedir aos meus amigos que gastassem os dedos na frente do PC, clicando o quanto pudessem para colocar meu vídeo nos top 10 da semana.

A estratégia funcionou rápido. Na manhã de quinta-feira, 8 de abril, quando os meus "correligionários" começaram a trabalhar, meu vídeo chegou ao segundo lugar. No decorrer do dia, perdi várias posições e cheguei ao 29o lugar. Na noite de quinta e durante toda a sexta-feira, as posições subiam e desciam muito, mas acabei o dia em oitavo lugar. No sábado, fiquei sempre entre os top 10, até que, até para minha surpresa, cheguei ao primeiro lugar na madrugada de domingo. Mantive a posição durante boa parte do dia, até que veio a outra surpresa. No meio da tarde, enquanto eu pensava que, mesmo não ficando em primeiro, poderia me sustentar bem entre os top 10, fui informado por um amigo que meu vídeo estava em 61o lugar. Como dizemos lá em Minas, pera aí: como assim, cair 60 posições em meia hora? Deve haver algum erro. Mas não havia, ao menos não na indicação da posição. Por mais que pressionássemos F5 e atualizássemos a página, a minha posição continuava lá, em 61o lugar. Depois, fui informado de que eu havia chegado até ao 72o lugar, mas não testemunhei o fato.

Mas o leitor pode estar se perguntando: e você, o principal interessado, não estava votando? Eis aí o segundo grande problema do processo desenvolvido pela Nextel. Para votar, era preciso clicar no quadradinho verde à direita do vídeo. Ocorre que o tal quadradinho verde não tinha qualquer etiqueta que fosse percebida pelos programas de leitura de tela que nós, cegos e pessoas com baixa visão, utilizamos para acessar o computador. Assim, a única coisa que eu pude fazer foi pedir aos meus amigos que se esforçassem em dobro, para que pudessem votar também por mim. Isso mesmo! Eu não pude votar no meu próprio vídeo.

Quando eu me vi em 61o lugar, já começando a duvidar da lisura do processo de votação, mas ainda com esperança de vencer, disparei mais e-mails e mais mensagens no Orkut para que os meus amigos voltassem a se dedicar e votar o quanto pudessem até a meia-noite de domingo para segunda, 11 para 12 de abril, que era a hora marcada para o encerramento da votação. Deu certo mais uma vez. Meu vídeo foi ganhando posições, de modo que estava em 17o lugar às 21h30, em sétimo às 22h e chegando ao terceiro lugar às 22h30, mantendo a posição às 23h. Pensei comigo mesmo que estávamos salvos. Afinal, depois de recuperar tantas posições nesse período, não era possível que ficássemos fora dos top 10. Depois das 23h30 de domingo, cheguei a figurar em segundo lugar. Enfim, era só esperar a lista final dos dez vídeos e torcer para que a comissão julgadora escolhesse o meu trabalho. Vale lembrar que eu me inscrevi apenas na quarta etapa da promoção, de modo que só concorri uma vez. Pelo regulamento, o vencedor da quarta semana, da qual eu estava participando, seria conhecido na terça-feira, 13 de abril, exatamente 24 horas depois do fim da votação.

Por volta das 23h47 de domingo, dia 11, começaram os problemas que, definitivamente, me fizeram duvidar totalmente da integridade do processo e, por conseguinte, dos organizadores da promoção. Depois de estar praticamente inalterada desde as 22h30, a lista dos top 10 que aparecia no site estava mudando a cada dois minutos. Às 23h50, meu vídeo ainda aparecia entre os top 10, mas já em nono lugar. Estranho? Sim, mas não é tudo. A própria lista sofria variações tais que pessoas que não estavam figurando entre os top 10 apareciam agora em segundo lugar. Às 23h53, a lista era totalmente diferente da anterior e, como num passe de mágica, meu vídeo não estava mais listado entre os top 10. Às 23h56, a lista dos top 10 se tornou indisponível e não mais retornou ao site da promoção. Segundo os meus amigos que estavam votando, por volta de 23h48, já não era mais possível votar e os 12 minutos antes da meia-noite foram uma sussessão de alternâncias na lista dos top 10 até o seu desaparecimento do site. Isso eu próprio comprovei, porque, antes, ao acessar o link do meu vídeo, eu conseguia assistir, mesmo não podendo votar. Depois das 23h48, isso não era mais possível. O pior é que a lista dos top 10 não apareceu de novo e eu não poderia saber com certeza se, no final das contas, meu vídeo iria ou não ser um dos dez analisados pela comissão julgadora.

O negócio então era torcer e esperar a terça-feira quando, pelo regulamento, o resultado seria conhecido. Mas me parecia estranho o fato de não sabermos quem eram os top 10. Também pelo regulamento, os dez vídeos mais votados seriam submetidos a uma auditoria para evitar que uma votação por meio fraudulento classificasse qualquer trabalho. Pensei que, uma vez concluída a tal auditoria, a lista dos top 10 voltaria para o site da promoção e seria possível saber quais seriam os dez vídeos julgados pela comissão.

À 1h20, portanto 80 minutos depois do encerramento da votação, voltei ao site da promoção para saber se a lista dos dez mais votados já havia sido colocada no ar. A lista não estava lá, mas... mas... mas o vencedor da semana sim, já havia sido anunciado! Mais uma vez, minha frase foi a mineiríssima "pera aí"! Deixa eu entender: quer dizer que, em 80 minutos ou menos, a tal comissão julgadora, que certamente já estava reunida, analisou criteriosamente dez vídeos, submeteu-os a uma auditoria técnica para ter certeza de que nenhum dos autores havia fraudado o processo de votação e chegou a um veredito, a ponto de publicar o resultado no site? Ora, se eu acreditar nisso, voltarei a crer na existência do Bom Velhinho e nos contos de fada que meus pais me narravam antes de dormir!

Indignado com as minhas suspeitas, agora convertidas em certeza, de que o processo de escolha dos vencedores na promoção da Nextel não passava de um jogo de cartas marcadas, comecei a vasculhar a internet atrás de pessoas que também pensassem assim. Me deparei então com a mensagem de um internauta dirigida ao site "Reclame Aqui", provando que era possível atribuir qualquer quantidade de votos de uma só vez a qualquer candidato, bastando para isso rodar um script em um servidor PHP. O internauta chegou inclusive a escrever linha por linha da rotina que poderia atribuir, por exemplo, mil votos a um dos vídeos inscritos na promoção. A Nextel chegou a responder, afirmando que havia corrigido o problema na quarta semana da promoção, limitando os votos a um por endereço IP. Nada mais inverídico! Se assim o fosse, meus amigos não teriam conseguido, clicando e dando F5 para atualizar a página, votar centenas ou até milhares de vezes no meu vídeo. O internauta desafiou a Nextel a mostrar o número de votos de cada vídeo, o que a empresa disse que se reservava o direito de não divulgar. É evidente, porque se tais números fossem divulgados, constataríamos as quantidades astronômicas de votos dadas a cada vídeo, o que comprovaria não só a possibilidade de votação repetida sem qualquer trava de segurança, como a continuidade da possibilidade de se votar por programas de computador, os chamados scripts.

Mas, mesmo diante da fragilidade do sistema, fica difícil acreditar que a própria Nextel ou as empresas parceiras não tenham influenciado no resultado do concurso, dadas algumas alternâncias absurdas nas posições dos vídeos concorrentes durante o processo de votação, como na tarde do domingo e nos minutos que antecederam o fim do prazo para votar. Como disse a um amigo alguns dias atrás, eu não me importo de ser enganado, desde que o enganador aja com inteligência, de modo que eu não perceba suas ações. Se, ao longo do domingo, dia final da votação, as posições fossem sendo trocadas aos poucos, de modo que o meu vídeo fosse perdendo posições gradativamente, eu acreditaria que a mobilização dos outros candidatos era melhor do que a minha e, portanto, eles realmente tinham mais força. Eu só lamentaria a derrota, mas a consideraria limpa. Mas, diante da maneira como os fatos se deram, não consigo, de modo algum, acreditar na lisura do processo de votação no qual se baseou o concurso. Me senti enganado, e de forma amadora.

Já disse no post de ontem e repito: como participante da promoção, tenho interesses a defender e vou defendê-los. Como jornalista, tenho a obrigação moral de estabelecer o contraditório em tudo o que publico. Assim, este blog está à inteira disposição da Nextel ou de qualquer outra empresa ou pessoa envolvida na organização da campanha "Não Tenho Limites", para que possam se manifestar e dar suas explicações. Ressalto ainda qe, sempre que eu apresentar réplicas a essas explicações, continuarei dando o direito à tréplica, porque creio ser assim que se faz um bom jornalismo e, embora este blog seja também de caráter pessoal, quero manter firme o compromisso que assumi ao abraçar essa profissão, da qual muito me orgulho.

Fica portanto para os meus leitores a minha versão dos fatos sobre a promoção da Nextel "Sem Limites com Herbert Vianna". Aguardemos o outro lado.

domingo, 18 de abril de 2010

Eu desapareço, mas não evaporo! Ah nóis aqui traveis!

Qualquer blogueiro que, logo após criar o seu tão sonhado canal de comunicação, fica duas semanas ausente, joga o blog no total descrédito com seus leitores. Ao menos essa é a lógica. Mas, como eu sei que tenho algum crédito para queimar com os meus seguidores, leitores e amigos, me dou o direito de achar que essa ausência não foi assim tão eterna, se é que o adjetivo da eternidade aceita advérbios.

Questões gramaticais a parte, estive realmente fora do ar por duas semanas; praticamente não respondi e-mails, não participei das listas de discussão que subscrevo, não twitei e deixei este espaço praticamente abandonado. As razões, uma diretamente ligada à outra, foram a minha participação na promoção "Não Tenho Limites", promovida pela empresa de telefonia móvel Nextel, e a frustração gerada ao suspeitar que a tal promoção era, na verdade, um jogo de cartas mais que marcadas.

Depois de passar uma semana enviando e-mails e mensagens no Orkut, twitando e entrando em contato com amigos no país inteiro e até no exterior, pedindo votos para o vídeo que eu havia inscrito na promoção, ver meu vídeo liderar a votação por quase 24 horas, cair 60 posições em meia hora, recuperar posições, chegando ao segundo lugar uma hora antes do encerramento da votação e ainda assim não ser classificado entre os dez mais votados, enfim, toda essa sussessão de fatos foi frustrante e me deixou um tanto arredio para com o meu computador nessa última semana. Estava usando o PC tão somente para escutar música e assistir vídeos, ou seja, fiz dele o meu tocador e a minha TV. Mas escrever, só mesmo no trabalho, porque é a minha obrigação e gosto de cumpri-la com muito afinco.

Mas agora, já refeito de tudo isso, é hora de tocar o barco adiante. Antes porém, vocês vão conhecer os pormenores de toda a história da promoção da Nextel, porque, mesmo sendo participante e portanto tendo interesses a defender, o meu depoimento a respeito não deixa de ser uma informação jornalística, inclusive porque quero dar à empresa a oportunidade do contraditório e este blog estará à disposição da Nextel quando e se ela desejar se manifestar. Mas há mais coisas acontecendo no meu cotidiano, no Brasil e no mundo que nada têm a ver com a promoção da Nextel. Brasília completa 50 anos no dia 21, e com um governador tampão eleito indiretamente pela Câmara Legislativa. A política esquenta com a aproximação das convenções partidárias, a novela das 8 está chegando à reta final (claro que eu vou falar de televisão neste blog, não tenha dúvida!), os campeonatos regionais entram na reta final, Sílvio Santos vem aí e a copa da África talvez também venha! Enfim, como diz um amigo de longa data desde os tempos da antiga primeira série, o mundo dá uma volta todos os dias. Então vamos girar com ele!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mully na passarela!


No sábado passado, 3 de abril, fui a um casamento e, para fazer bonito com minha cadela guia Mully, pedi ao pessoal do pet shop que caprichasse no banho da moça. Eles fizeram mais: banho, perfuminho para cães e um lacinho roxo no pescoço, que deu à minha loirinha de quatro patas o status de modelo, digna dos melhores encontros do estilo dog fasion.

Gostei tanto do resultado que deixei-a repetir o modelito quando fomos à igreja, no domingo de manhã, e na segunda-feira, no primeiro dia de trabalho da semana. O sucesso foi total! Vejam e comentem o visual de Mully, a top model!

terça-feira, 6 de abril de 2010

As coisas não eram assim...

Até o momento, já foram registradas 77 mortes por causa das chuvas de ontem e hoje no Rio de Janeiro. E quando nos deparamos com tragédias como essa, começamos a fazer exercício de escatologia, prevendo que o mundo de fato está no seu fim. Nesses momentos, aparecem os que acham mesmo que a Terra caminha para os seus derradeiros dias e, no outro extremo, os que consideram os ambientalistas verdadeiros terroristas da ecologia e afirmam que a coisa não é tão feia quanto parece.

Não obstante as posições extremas de parte a parte, fato é que, quando olhamos para a história, percebemos que as tragédias - muitas delas causadas por fenômenos naturais - sempre aconteceram. O que muda, no entanto, é a frequência com que esses "incidentes", vêm ocorrendo. Quem não se lembra das cheias que arrazaram o sul do Brasil em 1983, ou do longo período que o nordeste ficou sem uma gota sequer de chuva, também nos anos 80? Mas esses fenômenos eram tão isolados que passavam semanas ocupanndo as primeiras páginas dos jornais. Atualmente, o que se vê é que os acontecimentos trágicos se sucedem, de modo que, mal a imprensa repercute um deles, o outro já está acontecendo e tomando o lugar de destaque nos noticiários.

Só no ano de 2010, tivemos os deslisamentos de terra em Angra dos Reis (logo na virada do ano, diga-se), os terremotos no Haiti, com mais de 250 mil mortos, e no Chile, que só não foi mais trágico porque o país é mais bem estruturado. Em São Paulo, foram mais de 30 dias com chuvas diárias, sempre causando alagamentos, destruição e morte. Agora, mal o mês de abril começa, o Rio de Janeiro vive mais um acontecimento provocado pelas chuvas, com esse gigantesco número de vítimas fatais.

Tentando não enveredar pelo caminho do senso comum, mas ao mesmo tempo tentando simplificar a discussão, três fatores são, se não determinantes, muito importantes para explicar o que está acontecendo no mundo. A ação da natureza, que está realmente mais dura, a incompetência das autoridades políticas, que, mesmo sabendo dos riscos que a população corre por causa dos fenômenos naturais, se mostram indiferentes, e a ação humana sobre a natureza, que está, sim, contribuindo para as mudanças climáticas que estamos experimentando. E, se pararmos para pensar, tudo isso se resume em um só fator: o homem.

Se alteramos a nossa relação com a natureza, não poderíamos esperar que ela agisse conosco como o fazia antes. Fora os terremotos, que dependem menos da ação humana, ocorrências como as grandes tempestades e os intermináveis incêndios nas florestas são resultado direto de nossa ação sobre o meio ambiente. E para completar, as providências que poderíamos tomar para minimizar os efeitos das tragédias naturais não são tomadas. O resultado é que esses fenômenos são cada vez mais frequentes e os seus efeitos cada vez mais devastadores. E se alguém pergunta: mas não foi sempre assim? Minha resposta é: não, as coisas não eram assim. E o mais preocupante é saber que ainda há quem diga que a Amazônia não foi tão agredida como se diz, como se o constante processo de degradação da floresta fosse apenas um conto de fadas.

sábado, 3 de abril de 2010

Pra começar...

A idéia de criar um blog já está na minha cabeça há muito tempo, mas eu vinha adiando, adiando, adiando... Por fim, acho que tenho uma dívida com o Manuel Carlos, autor da trama global "Viver a Vida". Se até a Luciana, personagem de Aline Moraes na novela, tem um blog, e ela nem é uma pessoa real, já era mais do que hora de eu, um jornalista que, sem falsa modéstia, acho que tenho o que dizer, ter também o meu espaço de manifestação do pensamento na Internet.

Criar a minha conta no Twitter foi mais fácil. Afinal, esse negócio de reduzir sua idéia a a 140 caracteres exige muito da mente, mas pouco dos dedos. Já o blog dá trabalho para os dois, além de aumentar a responsabilidade para com os leitores. Se no Twitter já tem gente que reclama quando ficamos sem "twitar", imagine se deixarmos o blog abandonado... Mas finalmente eu decidi sair da minha zona de conforto e botar, digamos, a boca no trombone, embora instrumentos de sopro não sejam muito da minha alçada. Então eu diria que estou pronto para mandar as baquetas nos tambores!

Enfim, acho que vamos fazer uma parceria divertida: eu escrevendo e vocês lendo e comentando. Sim, porque um blog sem comentários vira monólogo, e eu prefiro deixar os monólogos para os grandes atores do teatro.

Por falar em comentários, um programa divertidíssimo na web é dar uma passada pelo tal blog da Luciana e ver os comentários. Se Everardo Rocha, autor de "A Sociedade dos Sonhos", tivesse escrito sua tese de doutorado em 2010, ele não deixaria de lado o fenômeno causado pelo sucesso real de um blog real, mas cuja blogueira não passa de um personagem de uma telenovela. A transformação da fantasia em realidade na mente do telespectador é tamanha, que algumas pessoas dizem, nos comentários do blog, que estão rezando pela recuperação da personagem.

Ainda vou escrever com mais detalhes sobre esse fenômeno, mas, para o momento, fica o meu convite para que você deixe seu comentário aqui no blog. E, como eu existo mesmo, vocês podem torcer pela minha felicidade, que não depende do Manuel Carlos, mas do grande autor e diretor da minha vida: Deus.