terça-feira, 11 de setembro de 2012

"If you see something, say something"


Os ataques de 11 de setembro de 2001 deixaram como legado mais do que as quase três mil vidas perdidas, as mudanças nos procedimentos de segurança nos aeroportos ou em locais de grande aglomeração de pessoas. Deixaram uma certa cultura do medo. E talvez fosse esse mesmo o lobjetivo principal da Operação Aviões, arquitetada pela Al Qaeda: fazer com que o povo americano não mais tivesse pleno sossego para levar a sua vida cotidiana.

É evidente que, 11 anos depois dos atentados, as pessoas aprenderam a conciliar essa vida de quem precisa olhar sempre para os lados para saber se nenhuma mochila suspeita foi abandonada na estação do metrô ou dentro dos trens, com as suas necessidades de ir e vir, comprar, se divertir etc. Afinal, a vida precisa prosseguir e as pessoas tentam fazer disso a coisa mais natural do mundo. Mas é qualquer boato sobre a possibilidade de novos atentados aparecer e a tensão volta a reinar nos ares de Nova York.

No ano passado, passei férias na Grande Maçã exatamente nas vésperas dos 10 anos dos atentados contra o World Trade Center. Foram as melhores férias da minha vida. Fiz compras, fui a dois espetáculos na Broadway, visitei museus, e como era fim de verão, fiz tudo isso em roupas bem confortáveis, passeando de bermuda, camiseta e sandálias em plena Quinta Avenida. Mas é inevitável viver também esse clima de ameaça que sempre paira quando algo diferente acontece; algo que, para nós, parece corriqueiro, mas que para quem vive cercado por lembranças tão marcantes, se torna um pesadelo.

A percepção de que a vida não é tão normal assim começa ao assistirmos Tv. A prefeitura de Nova York colocou no ar uma série de campanhas alertando a população para que denuncie objetos e atitudes suspeitas nos locais de maior circulação de pessoas. Em um dos filmes, uma mochila é “casualmente” esquecida no metrô. Em seguida, a voz do locutor, em tom bastante sério, diz: “Não pense que isso foi esquecido ali por acaso: se você vir alguma coisa, diga alguma coisa”. Passeando pelas ruas, tudo parece normal, até que um policial te interrompa o caminho e peça para você desviar para a rua paralela, porque aquele quarteirão está fechado. O motivo: uma mochila abandonada na porta de um prédio. Esse fato aconteceu comigo quando voltava do restaurante onde costumava tomar café da manhã. Tive que dar uma volta para sair na portaria do hotel. Vale ressaltar que, apesar da dureza imposta pela gravidade aparente do fato, os policiais são bastante solícitos, barrando o caminho, mas sempre indicando uma direção alternativa para que o turista não se perca.

Os objetos abandonados “por acaso” são de fato a maior preocupação dos novaiorquinos. Embora a possibilidade de ataques suicidas sempre exista, é muito mais difícil preparar agentes para esse tipo de missão. Por isso, os ataques suicidas são reservados a missões maiores e os pequenos atentados com objetos corriqueiros são sempre utilizados pelos terroristas, embora, por outro lado, seja mais fácil detectar e impedir esse tipo de ação. Fato é que todo objeto sem dono, esteja onde estiver, é imediatamente removido. Numa ocasião, eu e minha esposa estávamos sentados no saguão do hotel usando o serviço de internet wi-fi. Havia uma mala ao lado do sofá em que estávamos e um funcionário do hotel logo perguntou se era nossa. Como não era, assim como não era de nenhum dos outros hóspedes que estavam nos sofás do saguão, a mala foi imediatamente recolhida.

Voltei para o Brasil dois dias antes do aniversário de 10 anos dos atentados de 2001. E os noticiários sobre um possível ataque por causa dessa data eram cada dia mais frequentes. O temor era de que houvesse um ataque com carro bomba, o que em Manhattan, infelizmente, é muito fácil de se fazer, sobretudo se for um ataque suicida. Mas o 11 de setembro de 2011 passou sem que nada de extraordinário ocorresse. No entanto, ataques terroristas não costumam acontecer com aviso prévio, de modo que essa ameaça está sempre no cotidiano. Nesse sentido, a Al Qaeda parece ter alcançado a maior vitória de sua existência: Nova York nunca mais será a mesma. E os Estados Unidos também não.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Meus encontros com Tiririca


Tiririca, o deputado federal mais presente nas sessões da Câmara no primeiro ano de mandato, mostra, no dia a dia e no trato com as pessoas que circulam pela casa, a razão de ter conquistado a simpatia de tantos paulistas. Por trás do parlamentar que veste terno e gravata, está o palhaço, na melhor acepção da palavra, capaz de fazer rir os funcionários e clientes do salão de beleza da Câmara, que também oferece o serviço de barbearia.Não dá para negar que uma grande parte do eleitorado deu a Tiririca o chamado voto de protesto, julgando que, do jeito que a política brasileira anda, só mesmo um palhaço autêntico poderia simbolizá-la. Por outro lado, muitos certamente viram nele o retrato da simplicidade ao dizer, em sua campanha, que não sabia o que fazia um deputado federal. Se a frase soava a provocação ou era uma piada de mau gosto, fato é que mais de um milhão de pessoas o elegeram por causa dela.Meu primeiro encontro com Tiririca foi na Rádio Câmara, onde trabalho como repórter. Foi menos de um mês depois da posse dos parlamentares eleitos em 2010 e eu era redator da Voz do Brasil, parte destinada à Câmara. Estava terminando um trabalho na sala e meus colegas já tinham saído quando o deputado e sua assessora de imprensa chegaram, com o então diretor da Rádio Câmara, Humberto Martins. Naquele encontro, Tiririca me pareceu o peixe fora d’água por excelência. Quando eu me levantei e o cumprimentei, Mully, minha cadela guia, levantou-se também, o que causou certo receio ao deputado. Depois de ser informado que o cão não o poderia morder, ele relaxou e ouviu meus elogios à cidade de Fortaleza, capital do seu estado. A conversa não durou dois minutos e Tiririca era o retrato da timidez.Hoje, quando fui ao salão que fica no Anexo IV da Câmara para dar um trato no visual, fazendo o famoso trio cabelo, barba e bigode, me deparo novamente com o deputado Tiririca, bem mais Tiririca do que deputado. Ele estava duas cadeiras depois da que eu estava usando e dava para ouvir cada palavra que ele dizia. Falante e animadíssimo, Tiririca transformou a barbearia num palco para fazer seu stand up! “Da próxima vez que vier aqui, vou pintar meu cabelo de vermelho. Sabe, a gente não pode ficar sempre igual não. Tem que mudar... Eu gosto de mudar sempre”, dizia ele, entre as risadas do pessoal de serviço no salão. “Hoje eu acordei muito apaixonado, com vontade de beijar!”, brincava.Depois de pagar pelo serviço do seu Manuel, barbeiro mais antigo da Câmara, saí do salão, ainda ouvindo as graças do deputado Tiririca e as risadas dos demais. Além de saber que o deputado é o mais presente nas sessões do parlamento, descobri agora que ele trata com carinho as pessoas que trabalham na casa legislativa, fazendo-as rir. Alguém pode dizer que comparecer às sessões não significa trabalhar. Bem, se todos os parlamentares fossem presentes como Tiririca, muitas votações não deixariam de acontecer por falta de quórum, como muitas vezes ocorre, não só na Câmara como em todas as instâncias do poder legislativo. Além de uma lição de humor, Tiririca tem a ensinar aos outros parlamentares que, em dia de sessão e votação, lugar de deputado é no plenário.

Feliz Aniversário!

Se eu tivesse feito isso de caso pensado, jamais daria certo. Acabo de escrever um novo post para publicar neste blog, que eu carinhosamente e descaradamente chamo de um "devezenquandário", quando descubro que minha última postagem aqui tem exatamente um ano. Foi no dia 21 de agosto de 2011. Mais uma vez, atribuo essa ausência, que desta vez fez aniversário, à maldição da minha amiga Rafaela Freitas, que, no dia em que inaugurei este blog, me disse: "Cuidado, porque eu virei uma grande criadora de blogs que não foram para frente. Blog a gente tem que alimentar..." Pois bem, como sempre faço, vou prometer de novo, dando uma de político, que vou me esforçar para voltar a escrever neste tão rico e democrático espaço. Ora, será que eu tenho tão pouco a dizer a ponto de ficar um ano sem postar no meu próprio blog? Cria vergonha na cara, Montanha! Próximo passo: postar o que estava planejando. Então vamos lá!