terça-feira, 21 de agosto de 2012

Meus encontros com Tiririca


Tiririca, o deputado federal mais presente nas sessões da Câmara no primeiro ano de mandato, mostra, no dia a dia e no trato com as pessoas que circulam pela casa, a razão de ter conquistado a simpatia de tantos paulistas. Por trás do parlamentar que veste terno e gravata, está o palhaço, na melhor acepção da palavra, capaz de fazer rir os funcionários e clientes do salão de beleza da Câmara, que também oferece o serviço de barbearia.Não dá para negar que uma grande parte do eleitorado deu a Tiririca o chamado voto de protesto, julgando que, do jeito que a política brasileira anda, só mesmo um palhaço autêntico poderia simbolizá-la. Por outro lado, muitos certamente viram nele o retrato da simplicidade ao dizer, em sua campanha, que não sabia o que fazia um deputado federal. Se a frase soava a provocação ou era uma piada de mau gosto, fato é que mais de um milhão de pessoas o elegeram por causa dela.Meu primeiro encontro com Tiririca foi na Rádio Câmara, onde trabalho como repórter. Foi menos de um mês depois da posse dos parlamentares eleitos em 2010 e eu era redator da Voz do Brasil, parte destinada à Câmara. Estava terminando um trabalho na sala e meus colegas já tinham saído quando o deputado e sua assessora de imprensa chegaram, com o então diretor da Rádio Câmara, Humberto Martins. Naquele encontro, Tiririca me pareceu o peixe fora d’água por excelência. Quando eu me levantei e o cumprimentei, Mully, minha cadela guia, levantou-se também, o que causou certo receio ao deputado. Depois de ser informado que o cão não o poderia morder, ele relaxou e ouviu meus elogios à cidade de Fortaleza, capital do seu estado. A conversa não durou dois minutos e Tiririca era o retrato da timidez.Hoje, quando fui ao salão que fica no Anexo IV da Câmara para dar um trato no visual, fazendo o famoso trio cabelo, barba e bigode, me deparo novamente com o deputado Tiririca, bem mais Tiririca do que deputado. Ele estava duas cadeiras depois da que eu estava usando e dava para ouvir cada palavra que ele dizia. Falante e animadíssimo, Tiririca transformou a barbearia num palco para fazer seu stand up! “Da próxima vez que vier aqui, vou pintar meu cabelo de vermelho. Sabe, a gente não pode ficar sempre igual não. Tem que mudar... Eu gosto de mudar sempre”, dizia ele, entre as risadas do pessoal de serviço no salão. “Hoje eu acordei muito apaixonado, com vontade de beijar!”, brincava.Depois de pagar pelo serviço do seu Manuel, barbeiro mais antigo da Câmara, saí do salão, ainda ouvindo as graças do deputado Tiririca e as risadas dos demais. Além de saber que o deputado é o mais presente nas sessões do parlamento, descobri agora que ele trata com carinho as pessoas que trabalham na casa legislativa, fazendo-as rir. Alguém pode dizer que comparecer às sessões não significa trabalhar. Bem, se todos os parlamentares fossem presentes como Tiririca, muitas votações não deixariam de acontecer por falta de quórum, como muitas vezes ocorre, não só na Câmara como em todas as instâncias do poder legislativo. Além de uma lição de humor, Tiririca tem a ensinar aos outros parlamentares que, em dia de sessão e votação, lugar de deputado é no plenário.

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