Já que estamos falando de futebol, vou usar essa metáfora para dizer que o leitor André Carioca, que postou um comentário sobre a primeira parte desse artigo, pegou na veia, mandou no ângulo, enfim, acertou em cheio a respeito do que eu havia deixado para essa segunda parte. Ele foi exatamente na direção que eu vou tomar a partir daqui. Valeu André!
Como eu havia dito no post anterior, a razão principal do treinador para não ceder às pressões é o fato de que, venha bônus ou venha ônus, tudo vai cair sobre ele próprio, não sobre a imprensa ou sobre os supostos 190 milhões de técnicos de futebol que temos no país.
Mas não é só isso: a convocação de Dunga se sustenta ainda no princípio da coerência. Ao longo de quatro anos, o treinador foi experimentando daqui e dali na tentativa de construir uma equipe coesa e que jogasse segundo a sua filosofia de trabalho. Com raríssimas exceções, a seleção convocada para a Copa 2010 não difere das últimas equipes convocadas por Dunga. E os testes foram feitos. Ou ninguém se lembra que Wagner Love e Afonso já foram a dupla de ataque da seleção? Mas não se sustentaram e, na convocação para a Copa das Confederações, na África do Sul, o técnico fez talvez suas últimas experiências, para chegar a um time que tivesse, digamos, a sua cara.
Especificamente sobre Ganso e Neymar, há um outro ponto importantíssimo: eles estão acostumados a jogar no esquema tático do Santos de Dorival Junior que, convenhamos, é o mesmo que não ter esquema tático. O melhor que o treinador da Vila Belmiro faz pelos seus atletas é não atrapalhar, e isso ele tem feito muito bem, diga-se. No entanto, jogar pela seleção brasileira é uma realidade completamente diferente. Como inserir, de uma hora para outra, dois atletas que nunca atuaram pela seleção brasileira, que nunca jogaram sob o comando de Dunga, que não conhecem outra maneira de jogar que não seja a do time que os consagrou? Seria possível convocar, diretamente para o torneio mais importante do futebol mundial, atletas com tão pouca experiência? Eu não me arriscaria tanto. Mas a imprensa parece tratar copa do mundo como se fosse torneio de menor importância ou, piior, como se fosse uma sequência de amistosos. Não nos esqueçamos que a seleção não deve ter mais de 20 dias de preparação para a estréia no mundial, portanto a hora de fazer testes, experimentos, ensaios, já passou. Agora o que se precisa é de certeza, de uma equipe que entenda o que o técnico deseja sem que ele precise ficar desenhando 24 horas por dia.
Outro ponto levantado por alguns colegas da imprensa foi a comparação, a meu ver descabida, entre a convocação de Ronaldo em 1994 e essa reclamação em torno da não ida de Ganso e Neymar. Descabida por uma razão muito simples: a convocação para o mundial dos Estados Unidos não foi a primeira de Ronaldo para a seleção. Parreira já o havia testado em campo. Ainda assim, o Fenômeno ficou apenas no banco e nem mesmo na fatídica final contra a Itália, em que o jogo estava 0 a 0 na prorrogação, ele teve oportunidade de jogar. De mais a mais, o Ronaldo que jogava pelo Cruzeiro em 1994 era muito mais jogador do que Neymar na atualidade, até porque ele não tinha altos e baixos. Não nos esqueçamos que, no Brasileirão do ano passado, Neymar foi um jogador absolutamente apagado.
Outro aspecto que se coloca é a dicotomia entre o futebol arte e o futebol de resultados. Para mim, há que se buscar sempre associar as duas coisas, mas, se em algum momento uma delas tiver que sobressair, eu não tenho dúvidas sobre o que vou escolher. Afinal, a seleção de 1982 é considerada uma das melhores, senão a melhor, da história do futebol brasileiro. No entanto, voltou de mãos vazias. Por outro lado, o São Paulo venceu três vezes seguidas o campeonato brasileiro jogando feio, retrancado, lutando para não levar gols e vencendo por placares magros. Mas eu sou capaz de apostar que a torcida do São Paulo não ficou triste quando o título veio para as suas mãos. Convém lembrar que o enfoque na defesa não é exclusividade do futebol contemporâneo, mas do esporte coletivo contemporâneo. Não é por acaso que o voleibol valoriza cada vez mais o líbero, que o basquete dá uma importância capital aos bons reboteiros de defesa e que o beisebol valoriza mais os bons arremessadores, considerados jogadores de defesa, do que os bons rebatedores, que fazem parte do ataque.
Não estou com isso dizendo que concordo com a lista apresentada por Dunga. Eu teria outra lista e certamente cada brasileiro teria uma diferente da minha, que seria também diferente da do treinador. Mas eu acredito que a copa do mundo é um torneio de tal importância que não permite tiros no escuro. Se um sujeito, por mais cara fechada que seja, é escolhido para ser o técnico da seleção brasileira de futebol, cabe a ele a última palavra. Se seremos campeões, não posso afirmar, mas não há dúvida de que o retrospecto do Brasil sob o comando de Dunga é extremamente positivo. São 37 vitórias, dois títulos conquistados e uma seleção cada vez mais estável na sua maneira de jogar. Acho que temos grande chance de trazer o título. Mas, venha o que vier, Dunga será o responsável, e o melhor é que ele tem plena consciência disso.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
A voz da mídia é a voz do povo?
Depois de assistir ao "Programa do Jô" desta noite, acho que posso tampar o balde que separei para recolher as lágrimas da choradeira aprontada pela imprensa, não pela seleção que o técnico Dunga convocou, mas pela que ele deixou de convocar. Se bem que o primeiro jornal em TV aberta do dia começa às 4h, no SBT, e certamente a choradeira vai voltar com força total. A conversa de camaradas entre Jô Soares e o ator Dan Stulbach, que, segundo o apresentador, foi chamado para a entrevista por ser um apaixonado e entendido de futebol, foi uma das melhores mostras do que aconteceu durante todo o dia, de telejornal em telejornal, de comentário em comentário. Afinal, por que o treinador da seleção decidiu não levar Paulo Henrique Ganso e Neymar? E quanto a Adriano e Ronaldinho Gaúcho? Será que é teimosia pura, apenas para não fazer a suposta vontade de todo o povo brasileiro? Será que Dunga deseja criar uma família no bom estilo Felipão e fazer a coisa do jeito dele, sem ouvir ninguém?
Se existe uma coisa difícil é entrar na mente de um técnico de futebol, mais ainda no caso de um treinador de seleção, que tem ao seu dispor uma quantidade muito maior de grandes talentos, o que, infelizmente, nem sempre acontece nos clubes. Entender portanto as razões que levaram Dunga a convocar o jogador X e não o jogador Y, é um desafio que nem mesmo os grandes especialistas devem enfrentar. Se tentarem, será puro exercício de psicologia de botequim. Eu, que não sou entendedor de futebol como Dan Stulbach e Jô Soares, mas sou apaixonado por esse esporte, posso dizer com certeza uma coisa, ou antes, dar uma opinião muito convicta: Dunga já deu o primeiro passo para quem quer ser campeão do mundo ao ignorar as pressões da imprensa e convocar a seleção pelo seu único e exclusivo julgamento.
Quem assistiu aos programas esportivos do fim de semana deve ter reparado que a pergunta reinante era se os chamados "meninos da vila" seriam convocados para a seleção. No encerramento da transmissão do GP da Espanha de F-1, o narrador Galvão Bueno chegou a pedir que Deus iluminasse a mente de Dunga. E emendou a seguir: "Será que Ganso e Neymar serão convocados?", deixando a entender que Deus iluminar a mente de Dunga seria o mesmo que inspirá-lo a convocar os dois jogadores. Ou seja, Galvão Bueno estava tentando ensinar Deus a ser Deus e Dunga a ser técnico da seleção brasileira.
Toda essa ladainha (e me perdoem os católicos pelo uso da expressão) em torno da seleção convocada e da que deveria ter sido convocada me remete à choradeira que se criou em 2002, na tentativa de pressionar o técnico Luiz Felipe Scolari a levar o atacante Romário para o mundial do Japão e Coréia. O jogador chegou a derramar lágrimas diante das câmeras para sensibilizar o treinador. Teve apoio da TV Globo e da imprensa, especialmente do Rio de Janeiro e o que se comenta é que até mesmo a direção da CBF tentou pressionar Felipão. Para mim, os motivos que levaram Scolari a não ceder foram os mesmos que hoje levam Dunga a deixar de fora jogadores que, na verdade, são muito mais os queridinhos da mídia, sobretudo paulista, do que do povo brasileiro, como a própria mídia tenta fazer crer. Se o Brasil perdesse a copa de 2002, certamente Felipão seria crucificado, não porque o time teria jogado mal, não porque teria faltado entrosamento, mas pelo puro e simples fato de Romário não estar na equipe. Oito anos depois, a história se repete: se o Brasil não for bem na África do Sul, será única e exclusivamente pela não convocação de Ganso e Neymar. No entanto, como o Brasil venceu em 2002, o assunto Romário ficou em segundo plano, tanto quanto ficarão os nomes de Ganso e Neymar se o Brasil for campeão em 2010.
No fim das contas, seja o resultado o título ou a eliminação, o sucesso ou o fracasso, tudo recairá sobre o treinador da seleção brasileira, não sobre a imprensa. Seja bônus, seja ônus, o que vier pertencerá a Dunga. Ora, se a mídia não está (e certamente não está) disposta a dividir com o treinador o seu eventual fracasso, ele tem, até por reciprocidade, o direito de não desejar dividir com a mídia o seu eventual sucesso. Nada mais justo!
No próximo post, eu concluo essa reflexão e dou umas pinceladas sobre algumas (não todas) as convocações do técnico Dunga.
Se existe uma coisa difícil é entrar na mente de um técnico de futebol, mais ainda no caso de um treinador de seleção, que tem ao seu dispor uma quantidade muito maior de grandes talentos, o que, infelizmente, nem sempre acontece nos clubes. Entender portanto as razões que levaram Dunga a convocar o jogador X e não o jogador Y, é um desafio que nem mesmo os grandes especialistas devem enfrentar. Se tentarem, será puro exercício de psicologia de botequim. Eu, que não sou entendedor de futebol como Dan Stulbach e Jô Soares, mas sou apaixonado por esse esporte, posso dizer com certeza uma coisa, ou antes, dar uma opinião muito convicta: Dunga já deu o primeiro passo para quem quer ser campeão do mundo ao ignorar as pressões da imprensa e convocar a seleção pelo seu único e exclusivo julgamento.
Quem assistiu aos programas esportivos do fim de semana deve ter reparado que a pergunta reinante era se os chamados "meninos da vila" seriam convocados para a seleção. No encerramento da transmissão do GP da Espanha de F-1, o narrador Galvão Bueno chegou a pedir que Deus iluminasse a mente de Dunga. E emendou a seguir: "Será que Ganso e Neymar serão convocados?", deixando a entender que Deus iluminar a mente de Dunga seria o mesmo que inspirá-lo a convocar os dois jogadores. Ou seja, Galvão Bueno estava tentando ensinar Deus a ser Deus e Dunga a ser técnico da seleção brasileira.
Toda essa ladainha (e me perdoem os católicos pelo uso da expressão) em torno da seleção convocada e da que deveria ter sido convocada me remete à choradeira que se criou em 2002, na tentativa de pressionar o técnico Luiz Felipe Scolari a levar o atacante Romário para o mundial do Japão e Coréia. O jogador chegou a derramar lágrimas diante das câmeras para sensibilizar o treinador. Teve apoio da TV Globo e da imprensa, especialmente do Rio de Janeiro e o que se comenta é que até mesmo a direção da CBF tentou pressionar Felipão. Para mim, os motivos que levaram Scolari a não ceder foram os mesmos que hoje levam Dunga a deixar de fora jogadores que, na verdade, são muito mais os queridinhos da mídia, sobretudo paulista, do que do povo brasileiro, como a própria mídia tenta fazer crer. Se o Brasil perdesse a copa de 2002, certamente Felipão seria crucificado, não porque o time teria jogado mal, não porque teria faltado entrosamento, mas pelo puro e simples fato de Romário não estar na equipe. Oito anos depois, a história se repete: se o Brasil não for bem na África do Sul, será única e exclusivamente pela não convocação de Ganso e Neymar. No entanto, como o Brasil venceu em 2002, o assunto Romário ficou em segundo plano, tanto quanto ficarão os nomes de Ganso e Neymar se o Brasil for campeão em 2010.
No fim das contas, seja o resultado o título ou a eliminação, o sucesso ou o fracasso, tudo recairá sobre o treinador da seleção brasileira, não sobre a imprensa. Seja bônus, seja ônus, o que vier pertencerá a Dunga. Ora, se a mídia não está (e certamente não está) disposta a dividir com o treinador o seu eventual fracasso, ele tem, até por reciprocidade, o direito de não desejar dividir com a mídia o seu eventual sucesso. Nada mais justo!
No próximo post, eu concluo essa reflexão e dou umas pinceladas sobre algumas (não todas) as convocações do técnico Dunga.
domingo, 9 de maio de 2010
E acabou o Dia das mães... Ufa!
As estatísticas mostram que o Dia das Mães é o segundo em faturamento proporcionado ao comércio, perdendo apenas para o Natal. Tudo bem que o almoço em família é muito bom, que a oportunidade de encontrar os irmãos - desde que seja sem hipocrisia - é uma maravilha, que a mãe merece um presente até por ter aturado filhos cabeça dura como nós (ou será que você, caro leitor, quer me convencer que é um filho exemplar???).
Não obstante tudo isso, fato é que o Dia das Mães serve mesmo é para fazer girar a roda da economia, aumentar as vendas, por conseguinte abrir mais vagas para empregos temporários, baixar as taxas de desemprego e dar até uma forcinha ao PIB, afinal o comércio é hoje uma parte significativa da riqueza produzida pelo país. Dia das Mães é, portanto, um assunto mais para as colunas de economia do que para as seções de comportamento nos periódicos. Reza a história que a norte-americana Hannah Jarvis, responsável pela criação da data festiva, lutou para que o Dia das Mães fosse extinto, por causa do excessivo apelo comercial que a sua criação havia ganhado. Ambas as lutas, tanto pela criação do Dia das Mães, como pela sua extinção, tiveram causas nobres e há que se respeitá-las.
Para mim, o Dia das Mães tem algo de nostálgico misturado com um certo desejo de isolamento. Afinal, em 2010, passei o 12o ano em que eu não desfrutei da companhia de dona Maria José, aquela que, depois de Deus, é a maior responsável por eu ser quem sou e o que sou. Em 1999, ela, que sofria pelas sequelas de um AVC havia dois anos, estava morando com uma de minhas tias, no litoral norte fluminense e, por isso, não pudemos passar o Dia das Mães juntos. Mal sabia eu que não haveria outra oportunidade para isso. Dois meses depois, em 25 de julho de 1999, Maria José de Cerqueira Batista, minha mãe, educadora, companheira nas horas fáceis e difíceis e, sobretudo, grande amiga, entrava para o hall dos imortais.
Além da ausência de minha mãe, o Dia das Mães me leva a crer que Hannah Jarvis estava certa. Não só a data festiva tem um enorme apelo comercial, como eu disse no início, como serve para reforçar a idéia de que o papel único e exclusivo da mulher é, como diria o pessoal do Movimento Machão Mineiro, esquentar a barriga no fogão e esfriá-la no tanque. É fato que a coisa melhorou um pouco e, atualmente, lojas de roupas, concessionárias de veículos, perfumarias e casas especializadas em eletrônica e informática ganharam mais espaço na publicidade do Dia das Mães. Mas a grande maioria dos comerciais ainda é voltado para a venda de produtos que são para a casa, não para a dona da casa. E a mensagem é clara: qual filho vai dar uma batedeira de bolo para a mãe e dizer que ela não precisa fazer bolos, que ele sequer estava pensando nisso?
É claro que gosto de um bom almoço de domingo, de estar na companhia de pessoas de quem gosto, como minha irmã, minha sogra e minhas cunhadas. Gosto inclusive desse clima dos presentes etc. Mas é no Dia das Mães que a ausência de dona Maria José dói mais fundo. É por isso que, quando dona Laura Braga, mãe do cantor Roberto Carlos, partiu deste mundo, eu disse que poderia entender bem o que ele sentia, tanto pela proximidade do Dia das Mães, mas também pelo fato de eu estar longe de minha mãe quando ela se foi, exatamente como aconteceu com Roberto. Eis o porquê de uma certa melancolia de minha parte nesse dia, para muitos tão festivo. Mas eu espero que sempre haja mais gente para celebrar do que para se lamentar nessa data. E, de mais a mais, o Dia das Mães acabou, junto com o fim de semana. A segunda-feira está aí, portanto vamos voltar para a vida lá fora.
Não obstante tudo isso, fato é que o Dia das Mães serve mesmo é para fazer girar a roda da economia, aumentar as vendas, por conseguinte abrir mais vagas para empregos temporários, baixar as taxas de desemprego e dar até uma forcinha ao PIB, afinal o comércio é hoje uma parte significativa da riqueza produzida pelo país. Dia das Mães é, portanto, um assunto mais para as colunas de economia do que para as seções de comportamento nos periódicos. Reza a história que a norte-americana Hannah Jarvis, responsável pela criação da data festiva, lutou para que o Dia das Mães fosse extinto, por causa do excessivo apelo comercial que a sua criação havia ganhado. Ambas as lutas, tanto pela criação do Dia das Mães, como pela sua extinção, tiveram causas nobres e há que se respeitá-las.
Para mim, o Dia das Mães tem algo de nostálgico misturado com um certo desejo de isolamento. Afinal, em 2010, passei o 12o ano em que eu não desfrutei da companhia de dona Maria José, aquela que, depois de Deus, é a maior responsável por eu ser quem sou e o que sou. Em 1999, ela, que sofria pelas sequelas de um AVC havia dois anos, estava morando com uma de minhas tias, no litoral norte fluminense e, por isso, não pudemos passar o Dia das Mães juntos. Mal sabia eu que não haveria outra oportunidade para isso. Dois meses depois, em 25 de julho de 1999, Maria José de Cerqueira Batista, minha mãe, educadora, companheira nas horas fáceis e difíceis e, sobretudo, grande amiga, entrava para o hall dos imortais.
Além da ausência de minha mãe, o Dia das Mães me leva a crer que Hannah Jarvis estava certa. Não só a data festiva tem um enorme apelo comercial, como eu disse no início, como serve para reforçar a idéia de que o papel único e exclusivo da mulher é, como diria o pessoal do Movimento Machão Mineiro, esquentar a barriga no fogão e esfriá-la no tanque. É fato que a coisa melhorou um pouco e, atualmente, lojas de roupas, concessionárias de veículos, perfumarias e casas especializadas em eletrônica e informática ganharam mais espaço na publicidade do Dia das Mães. Mas a grande maioria dos comerciais ainda é voltado para a venda de produtos que são para a casa, não para a dona da casa. E a mensagem é clara: qual filho vai dar uma batedeira de bolo para a mãe e dizer que ela não precisa fazer bolos, que ele sequer estava pensando nisso?
É claro que gosto de um bom almoço de domingo, de estar na companhia de pessoas de quem gosto, como minha irmã, minha sogra e minhas cunhadas. Gosto inclusive desse clima dos presentes etc. Mas é no Dia das Mães que a ausência de dona Maria José dói mais fundo. É por isso que, quando dona Laura Braga, mãe do cantor Roberto Carlos, partiu deste mundo, eu disse que poderia entender bem o que ele sentia, tanto pela proximidade do Dia das Mães, mas também pelo fato de eu estar longe de minha mãe quando ela se foi, exatamente como aconteceu com Roberto. Eis o porquê de uma certa melancolia de minha parte nesse dia, para muitos tão festivo. Mas eu espero que sempre haja mais gente para celebrar do que para se lamentar nessa data. E, de mais a mais, o Dia das Mães acabou, junto com o fim de semana. A segunda-feira está aí, portanto vamos voltar para a vida lá fora.
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sábado, 8 de maio de 2010
Danieli Haloten confere desfile de moda para cães em SP
Minha amiga Danieli Haloten, jornalista e atriz paranaense que viveu a personagem Anita na novela "Caras & Bocas" (foto), esteve em São Paulo para conferir a recém-realizada semana de moda canina. O evento contou com desfiles e exposições de indumentárias para cachorros de todas as raças e portes e donos de todos os gostos e bolsos. O resultado da visita de Danieli ao evento foi uma matéria feita por ela e que
foi ao ar no Video Show na segunda-feira passada (clique aqui para assistir ao vídeo).
Muita gente já conhece a história dessa pequena guerreira curitibana, que conquistou seu primeiro papel em uma novela mandando e-mails insistentemente para autores, diretores e produtores, até que o novelista Walcyr Carrasco lhe pedisse para enviar um vídeo, mostrando sua performance. O trabalho de Danieli agradou, a ponto de o autor escrever um personagem para ela na novela das sete que iria estrear dentro de alguns meses. O resultado foi a Anita, irmã do protagonista de "Caras & Bocas".
Antes da novela, Danieli teve outras aparições na TV, como no programa local de entrevistas que apresentou em Curitiba e no quadro "Profissão Repórter", do jornalista Caco Barcelos, quando a atração ainda fasia parte do "Fantástico". Mas não há dúvidas de que foi a personagem Anita que colocou Danieli Haloten no seleto grupo de atores e atrizes globais, com direito a fã clube, aparições em vários programas da emissora e tudo o mais que caracteriza esse sucesso, almejado por muitos e conquistado por alguns que aliam talento e persistência, na certeza de que, em algum momento, chegarão onde desejam chegar.
Agora, voltando a atuar como repórter e fazendo uma matéria para o "Video Show", Danieli Haloten mostra que veio para ficar na TV e que a criação da personagem Anita não foi um gesto de boa vontade de Walcyr Carrasco, pura e simplesmente para ser o primeiro autor a inserir no elenco uma atriz cega. Anita foi só o início de uma carreira promissora de uma jornalista e atriz que exerce os dois ofícios com muita competência.
Mas, para descontrair um pouco, eu não posso terminar esse post sem dizer, mandando a modéstia às favas, que a maior qualidade de Danieli Haloten é fazer parte do seleto grupo dos meus amigos! E já voltando a falar sério, acho que é por essa amizade que eu posso falar ainda com mais propriedade sobre a sua luta para chegar ao objetivo de se estabelecer como atriz e jornalista de TV. É porque eu conheço a Dani, como os amigos a chamam, há sete anos, portanto antes da Globo e antes da Anita. Nossos cães guias são treinados pela mesma instituição, nos Estados Unidos, e passamos pela mesma triste situação de perder um cão guia precocemente. Hoje, felizmente, estamos novamente contando com a preciosa ajuda desses seres de quatro patas que tanto nos facilitam a caminhada pelas ruas e locais onde vamos. Enfim, é como amigo que lamentou com ela os momentos difíceis que eu celebro cada nova conquista de Danieli Haloten, ou simplesmente Dani.
Para saber mais sobre Danieli Haloten, clique aqui e conheça o blog da atriz.
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Jornal O Tempo estréia novo visual na Web
O jornal mineiro O Tempo, da Sempre Editora, está de cara nova na Internet. Segundo o próprio site, o objetivo é tornar a navegação mais interativa e acrescentar conteúdo, como um espaço mais exclusivo dedicado ao esporte. Em entrevista ao portal Comunique-se, o editor do site dos jornais O Tempo e Super Notícia, Luiz Fernando Rocha, afirmou que o novo site traz ainda maior interação com as redes sociais e um espaço para a veiculação de matérias em vídeo, produzidas exclusivamente para a Internet.
Por razões óbvias, não posso tecer comentários a respeito do visual do novo site de O Tempo, mas posso avaliar a acessibilidade. Dei uma olhada superficial, mas parece que o pessoal responsável pelo novo visual dos jornais da Sempre Editora na Internet fez um brilhante trabalho nesse aspecto. Os links gráficos estão todos etiquetados, de modo que, ao ser acessado por uma pessoa cega, o portal esteja inteiramente navegável. Para explicar isso melhor, pense no seguinte: todos os links que você, que enxerga normalmente, vê em um determinado site são falados para os cegos através dos leitores de tela. Ocorre que, se o link for um ícone, o leitor de tela não tem como saber do que se trata e vai falar apenas que se trata de um link gráfico. Mas é possível resolver esse problema sem deixar de colocar os links gráficos nas páginas, ou seja, sem comprometer o visual do site. Basta que, ao construir a página, a pessoa etiquete os links gráficos através de um comando chamado "alt", que é inserido toda vez que se coloca uma imagem na página. Se o comando "alt" estiver em branco, o leitor de telas vai falar para o usuário cego o nome do arquivo da imagem, que muitas vezes não quer dizer nada. Assim, em alguns sites, ao passar por um link, nós cegos ouvimos apenas coisas como "menu_topo_01", "menu_topo_02" etc. Ora, com esses nomes, não temos como saber para onde o link está apontando e precisamos testar um por um para descobrir onde está o conteúdo que desejamos acessar.
Por outro lado, se o webdesigner se lembra de colocar no comando "alt" as palavras "notícias", "entretenimento", "editoriais" etc, mesmo que o link seja um ícone, essas palavras serão sonorizadas para os cegos através do leitor de telas. E, pelo que pude conferir até agora, o novo site do jornal O Tempo teve essa preocupação. Espero que, no dia-a-dia, à medida que os conteúdos vão sendo atualizados, o pessoal responsável pelo site não deixe a peteca cair e continue primando pela acessibilidade, aliada, claro, a um belo visual. Afinal, sabendo fazer a coisa, esses dois elementos não são de modo algum excludentes.
Por razões óbvias, não posso tecer comentários a respeito do visual do novo site de O Tempo, mas posso avaliar a acessibilidade. Dei uma olhada superficial, mas parece que o pessoal responsável pelo novo visual dos jornais da Sempre Editora na Internet fez um brilhante trabalho nesse aspecto. Os links gráficos estão todos etiquetados, de modo que, ao ser acessado por uma pessoa cega, o portal esteja inteiramente navegável. Para explicar isso melhor, pense no seguinte: todos os links que você, que enxerga normalmente, vê em um determinado site são falados para os cegos através dos leitores de tela. Ocorre que, se o link for um ícone, o leitor de tela não tem como saber do que se trata e vai falar apenas que se trata de um link gráfico. Mas é possível resolver esse problema sem deixar de colocar os links gráficos nas páginas, ou seja, sem comprometer o visual do site. Basta que, ao construir a página, a pessoa etiquete os links gráficos através de um comando chamado "alt", que é inserido toda vez que se coloca uma imagem na página. Se o comando "alt" estiver em branco, o leitor de telas vai falar para o usuário cego o nome do arquivo da imagem, que muitas vezes não quer dizer nada. Assim, em alguns sites, ao passar por um link, nós cegos ouvimos apenas coisas como "menu_topo_01", "menu_topo_02" etc. Ora, com esses nomes, não temos como saber para onde o link está apontando e precisamos testar um por um para descobrir onde está o conteúdo que desejamos acessar.
Por outro lado, se o webdesigner se lembra de colocar no comando "alt" as palavras "notícias", "entretenimento", "editoriais" etc, mesmo que o link seja um ícone, essas palavras serão sonorizadas para os cegos através do leitor de telas. E, pelo que pude conferir até agora, o novo site do jornal O Tempo teve essa preocupação. Espero que, no dia-a-dia, à medida que os conteúdos vão sendo atualizados, o pessoal responsável pelo site não deixe a peteca cair e continue primando pela acessibilidade, aliada, claro, a um belo visual. Afinal, sabendo fazer a coisa, esses dois elementos não são de modo algum excludentes.
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sexta-feira, 7 de maio de 2010
Nos seus 50 anos, Brasília mostra que tem muito a aprender em solidariedade
Brasília completou 50 anos no dia 21 de abril e, tanto na mídia local como na nacional, não faltaram reportagens e anúncios buscando ressaltar as qualidades dessa cidade inventada, aliás, a única no mundo construída com o objetivo definido de se tornar a capital de um país. Várias matérias destacaram a história do nascimento da cidade, os operários que aqui trabalharam, os episódios pitorescos envolvendo o presidente JK e como o que era só uma idéia foi ganhando contornos de boa parte da Brasília que hoje conhecemos. Nos anúncios, especialmente na mídia local, a exaltação ao povo brasiliense, sua mistura de sotaques, costumes e essa eterna busca da construção de uma identidade candanga. Até mesmo uma rede de drogarias da capital investiu em um anúncio cujo foco era "Pelo orgulho de ser brasiliense".
Ao assistir todas essas matérias e anúncios, eu fico com um enorme desejo no coração de que as coisas sejam realmente como descritas. Mas, após seis meses de residência no Planalto Central, minha impressão é um tanto diferente. Brasília é, para mim, um ótimo lugar para se trabalhar, mas difícil para se relacionar. Na minha condição de pessoa com deficiência, esse jeito de ser frio, indiferente e desligado do brasiliense se torna ainda mais cruel. Não raro, quando quero uma informação, preciso perguntar umas três vezes em um grupo de pessoas até que alguém me responda. Quando chego a um ponto de ônibus e existe um veículo parado, embarcando e desembarcando passageiros, pergunto de qual linha se trata e não ouço resposta. Pior: peço a uma pessoa que está no ponto para me avisar quando passar o ônibus que desejo tomar e, se a pessoa não vai tomar o mesmo ônibus e o dela passa antes, ela simplesmente vai embora sem avisar que está de saída. Resultado: eu penso que existe alguém atento para me avisar quando o meu ônibus passar, mas não há ninguém, o que certamente me faz perder o transporte.
Aliado a isso, existe a péssima qualidade do serviço de transporte do Distrito Federal. Para se ter uma idéia, na Esplanada dos Ministérios, um dos locais mais importantes de Brasília, não circula ônibus após as 20h. Se um funcionário do congresso Nacional ou dos ministérios precisa ficar até mais tarde no trabalho e não tem carro, a solução é tomar um táxi. Enfim, Brasília é uma cidade feita para quem tem carro e, claro, dirige. Digo isso porque, no meu caso, ter o carro não é o bastante. Possuo carro mas, como ainda não dão carteira de habilitação para cegos (risos), não posso dirigir. Minha esposa dirige quando estamos juntos e muitas vezes me leva e busca quando preciso me deslocar de carro, mas eu não acho que minha mulher tenha que ser minha motorista particular. Assim, eu gosto muito de ter minha independência para me deslocar e, numa cidade como Brasília, isso fica mais difícil.
Para se ter uma idéia de como a capital da república trata mal as pessoas com deficiência, cito o exemplo de um dos pontos mais caóticos da cidade: a rodoviária do Plano Piloto (veja foto). Para começar, é preciso explicar que essa rodoviária, que é o marco zero na divisão entre as asas sul e norte, nada tem a ver com a chegada dos ônibus intermunicipais e interestaduais, os chamados ônibus de viagem. Em Brasília, quem vem de fora chega pela Estação Rodo-Ferroviária, que fica mais afastada do centro da capital. A rodoviária do Plano Piloto funciona como uma estação terminal de ônibus vindos de todas as partes, tanto do Plano como das cidades satélites. Esse é um ponto positivo em Brasília. Se você não sabe onde passa o ônibus que vai para onde você quer, a saída é pegar um ônibus para a rodoviária e, de lá, tomar outro transporte. Além disso, a rodoviária dá acesso também à estação terminal do metrô, que infelizmente só cobre a Asa Sul e as cidades satélites que se estendem paralém dela, ou seja, Guará, Águas claras, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.
O grande problema é que, sendo o ponto final de uma quantidade enorme de linhas de ônibus, a rodoviária é um verdadeiro labirinto. Embora as baias onde param os ônibus sejam fixas para as linhas, o terminal é muito amplo e, para uma pessoa cega que precisa de referências para caminhar, é muito difícil localizar a baia correta para tomar o ônibus que se deseja. Mesmo para mim, que conto com a ajuda de minha cadela guia Mully, encontrar o local certo para pegar o ônibus é um desafio. Com Mully, eu consigo andar perfeitamente na rodoviária, sem esbarrar nos transeuntes ou nos obstáculos. Mas isso não é o bastante. Como os terminais são muito semelhantes e como várias linhas me levam até a rodoviária, eu sempre chego à estaçção por lugares diferentes. Assim, o trajeto do local onde desembarco ao outro, onde tomarei o ônibus para o destino final, é sempre diferente, o que não permite que a minha companheira estabeleça um padrão de trajeto.
Assim sendo, eu preciso de auxíliio de outras pessoas para localizar a baia onde está estacionado o ônibus que desejo. Tenho então dois problemas. Por mais incrível que possa parecer, não existe um funcionnário sequer na rodoviária destinado a prestar assistência, dar informações ou conduzir pessoas que necessitam de auxílio. Me lembro de apenas uma vez em que encontrei um policial militar que me indicou o local que eu procurava. Não existindo um profissional para prestar essa ajuda, recorro ao povo brasiliense que, segundo os anúncios de TV dos 50 anos, são pessoas solidárias e prestativas. Infelizmente, os anúncios se equivocaram. Para não ficar andando sem rumo, paro em um determinado local e tento sinalizar para os que estão passando, mas só depois de muita insistência consigo atrair a atenção de alguém. Pergunto então onde posso tomar determinada linha de ônibus. A resposta que obtenho é, geralmente, genérica. "Você vai ter que voltar", me responde alguém. Mas será que ela sabe de que direção eu vim para dizer isso? "É do outro lado", diz outro e "Você pode seguir reto e lá na frente perguntar de novo", emenda mais um.
Na tarde de ontem, quinta-feira, ia eu para o trabalho e o fato se repetiu. Depois de desembarcar do ônibus que vinha da avenida W3 Norte para a rodoviária, fui perguntar para descobrir onde estava o ônibus para a Esplanada dos Ministérios. Só que, dessa vez, a coisa foi pior. As duas pessoas que me responderam disseram não saber. Uma delas teve a idéia de me levar a um dos balcões onde ficam os despachantes e fiscais das empresas de ônibus. De fato, o fiscal sabia onde eu deveria ir, mas afirmou que não poderia me conduzir até lá, já que estava por demais ocupado. Deu-se aí o seguinte diálogo:
- O senhor pode ir andando até o final e virar à direita. O ônibus para a Esplanada vai estar logo à frente, o senhhor vai ver lá...
- Amigo, acho que você não percebeu que eu sou cego. Existem várias baias lá. Como eu vou encontrar a baia correta? Será que não há ninguém aqui que possa prestar esse serviço, nenhum guarda, nada?
- É, a rodoviária é complicada mesmo. Mas eu não posso sair daqui.
Ao fim e ao cabo, depois de alguma insistência minha, ele designou um dos despachantes para que me conduzisse até o local onde estava o ônibus para a Esplanada dos Ministérios. O resultado disso foram mais de dez minutos entre a busca por uma ajuda e a chegada ao ônibus. Se eu tivesse chegado ao local certo logo depois de desembarcar do primeiro ônibus, eu teria pego o carro anterior e chegaria ao trabalho 15 minutos antes. Felizmente, não me atrasei, mas as consequências dessa dificuldade criada na rodoviária poderiam ser bem piores, estivesse eu em cima da hora.
Enfim, até aqui, não consegui descobrir onde está a tal solidariedade dos brasilienses. Mas, como dizem também que Brasília é a capital da esperança, eu, que sou um otimista por escolha, tenho esperança de que, com o tempo de convivência, eu venha a descobrir um lado do brasiliense que, para mim, ainda está oculto.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Combustível para a semana
Na tarde passada, eu disse, no meu Twitter, que um fim de semana agradável é um excelente combustível para se começar uma nova semana. E é mesmo. Para quem mora sozinho, como é meu caso até que minha esposa se transfira definitivamente para Brasília, o fim de semana costuma ser uma grande tortura. A gente chega a pedir pela chegada da segunda-feira, para estar novamente na ativa, conversando, vendo gente, trabalhando e se sentindo útil.
Mas essa não deve ser a perspectiva das coisas. Assimm como existem os preguiçosos, existem os que acham no trabalho o escape para os problemas do dia-a-dia, inclusive a solidão dos fins de semana. E isso é tão ruim quanto a malandragem. É muito bom gostar de trabalhar, ter prazer no que se faz e gostar da companhia dos colegas, mas é igualmente salutar desejar o fim de semana, curtir a sexta-feira como aquele momento que antecede algo muito especial, ou seja, um tempo para relaxar, fazer exclusivamente o que se tem vontade.
Foi o que me sucedeu na semana passada. Tão logo soube que minha amiga, tão chegada que a chamo de irmã, Chiara Quintão, repórter da Agëncia Estado, viria passar o fim de semana em Brasília, fiquei animadíssimo com a chegada do sábado e do domingo. Sabia que haveria bom papo, recordações muito especiais do nosso tempo de faculdade, muita risada e todos os ingredientes de um encontro entre pessoas que nutrem um grande carinho uma pela outra.
Chiara e eu nos tornamos amigos graças a uma entrevista que ela fez comigo. Éramos ambos alunos de jornalismo na UFMG e ela estava pautada para uma matéria sobre a vida acadêmica de pessoas com deficiência. Ela queria informações sobre adaptação de material, convivência com os colegas e professores, barreiras arquitetônicas, enfim, tudo que permeava a vida do estudante com deficiência dentro da universidade. A entrevista se tornou um grande bate-papo de horas, cuminando num acerto para que almoçássemos juntos no dia seguinte. Além de Chiara Quintão e eu, estavam no almoço a Fernanda Lima e a Piedra Magnani, a primeira também estudante de jornalismo e a segunda de radialismo. Essa se tornou a turma fixa do almoçço no famoso bandejão do campus universitário da Pampulha, em BH. Sempre vinham os agregados, uma turma que, vez por outra, estava com a gente. Mas o "Quarteto Fantástico" ficou tão ligado que a gente sentia profundamente se algum de nós faltasse ao compromisso.
Foram essas histórias que fizeram nosso fim de semana tão divertido. Chiara me apresentou alguns amigos que moram em Brasília, o que também foi muito importante, para que eu amplie o meu leque de contatos aqui na capital da república. E, no mais mineiro dos jeitos de ser, contamos a eles as aventuras que vivemos na faculdade, rindo muito tanto dos momentos engraçados quanto dos mais difíceis. Afinal, eles eram difíceis naquela época, mas agora já se tornaram passado e felizmente podemos rir deles também.
Enfim, posso dizer que o meu fim de semana foi especial, tanto por rever minha irmãzinha por adoção mútua, como por conhecer gente nova aqui no DF. Isso mostra que, aos poucos, as coisas vão se ajeitando. Mudar de uma cidade para outra, como eu fiz, é sempre muito difícil. Mas, quando começamos a estabelecer novos laços, novas amizades, as coisas começam a parecer menos complicadas do que pensávamos a princípio.
É por isso que acordar, em plena manhã de segunda, foi muito agradável. Na minha mente, a boa sensação de gostar do que se faz e ir feliz para o trabalho, mesclada às boas lembranças de um fim de semana bem vivido. E vamos em frente!
Mas essa não deve ser a perspectiva das coisas. Assimm como existem os preguiçosos, existem os que acham no trabalho o escape para os problemas do dia-a-dia, inclusive a solidão dos fins de semana. E isso é tão ruim quanto a malandragem. É muito bom gostar de trabalhar, ter prazer no que se faz e gostar da companhia dos colegas, mas é igualmente salutar desejar o fim de semana, curtir a sexta-feira como aquele momento que antecede algo muito especial, ou seja, um tempo para relaxar, fazer exclusivamente o que se tem vontade.
Foi o que me sucedeu na semana passada. Tão logo soube que minha amiga, tão chegada que a chamo de irmã, Chiara Quintão, repórter da Agëncia Estado, viria passar o fim de semana em Brasília, fiquei animadíssimo com a chegada do sábado e do domingo. Sabia que haveria bom papo, recordações muito especiais do nosso tempo de faculdade, muita risada e todos os ingredientes de um encontro entre pessoas que nutrem um grande carinho uma pela outra.
Chiara e eu nos tornamos amigos graças a uma entrevista que ela fez comigo. Éramos ambos alunos de jornalismo na UFMG e ela estava pautada para uma matéria sobre a vida acadêmica de pessoas com deficiência. Ela queria informações sobre adaptação de material, convivência com os colegas e professores, barreiras arquitetônicas, enfim, tudo que permeava a vida do estudante com deficiência dentro da universidade. A entrevista se tornou um grande bate-papo de horas, cuminando num acerto para que almoçássemos juntos no dia seguinte. Além de Chiara Quintão e eu, estavam no almoço a Fernanda Lima e a Piedra Magnani, a primeira também estudante de jornalismo e a segunda de radialismo. Essa se tornou a turma fixa do almoçço no famoso bandejão do campus universitário da Pampulha, em BH. Sempre vinham os agregados, uma turma que, vez por outra, estava com a gente. Mas o "Quarteto Fantástico" ficou tão ligado que a gente sentia profundamente se algum de nós faltasse ao compromisso.
Foram essas histórias que fizeram nosso fim de semana tão divertido. Chiara me apresentou alguns amigos que moram em Brasília, o que também foi muito importante, para que eu amplie o meu leque de contatos aqui na capital da república. E, no mais mineiro dos jeitos de ser, contamos a eles as aventuras que vivemos na faculdade, rindo muito tanto dos momentos engraçados quanto dos mais difíceis. Afinal, eles eram difíceis naquela época, mas agora já se tornaram passado e felizmente podemos rir deles também.
Enfim, posso dizer que o meu fim de semana foi especial, tanto por rever minha irmãzinha por adoção mútua, como por conhecer gente nova aqui no DF. Isso mostra que, aos poucos, as coisas vão se ajeitando. Mudar de uma cidade para outra, como eu fiz, é sempre muito difícil. Mas, quando começamos a estabelecer novos laços, novas amizades, as coisas começam a parecer menos complicadas do que pensávamos a princípio.
É por isso que acordar, em plena manhã de segunda, foi muito agradável. Na minha mente, a boa sensação de gostar do que se faz e ir feliz para o trabalho, mesclada às boas lembranças de um fim de semana bem vivido. E vamos em frente!
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