domingo, 9 de maio de 2010

E acabou o Dia das mães... Ufa!

As estatísticas mostram que o Dia das Mães é o segundo em faturamento proporcionado ao comércio, perdendo apenas para o Natal. Tudo bem que o almoço em família é muito bom, que a oportunidade de encontrar os irmãos - desde que seja sem hipocrisia - é uma maravilha, que a mãe merece um presente até por ter aturado filhos cabeça dura como nós (ou será que você, caro leitor, quer me convencer que é um filho exemplar???).

Não obstante tudo isso, fato é que o Dia das Mães serve mesmo é para fazer girar a roda da economia, aumentar as vendas, por conseguinte abrir mais vagas para empregos temporários, baixar as taxas de desemprego e dar até uma forcinha ao PIB, afinal o comércio é hoje uma parte significativa da riqueza produzida pelo país. Dia das Mães é, portanto, um assunto mais para as colunas de economia do que para as seções de comportamento nos periódicos. Reza a história que a norte-americana Hannah Jarvis, responsável pela criação da data festiva, lutou para que o Dia das Mães fosse extinto, por causa do excessivo apelo comercial que a sua criação havia ganhado. Ambas as lutas, tanto pela criação do Dia das Mães, como pela sua extinção, tiveram causas nobres e há que se respeitá-las.

Para mim, o Dia das Mães tem algo de nostálgico misturado com um certo desejo de isolamento. Afinal, em 2010, passei o 12o ano em que eu não desfrutei da companhia de dona Maria José, aquela que, depois de Deus, é a maior responsável por eu ser quem sou e o que sou. Em 1999, ela, que sofria pelas sequelas de um AVC havia dois anos, estava morando com uma de minhas tias, no litoral norte fluminense e, por isso, não pudemos passar o Dia das Mães juntos. Mal sabia eu que não haveria outra oportunidade para isso. Dois meses depois, em 25 de julho de 1999, Maria José de Cerqueira Batista, minha mãe, educadora, companheira nas horas fáceis e difíceis e, sobretudo, grande amiga, entrava para o hall dos imortais.

Além da ausência de minha mãe, o Dia das Mães me leva a crer que Hannah Jarvis estava certa. Não só a data festiva tem um enorme apelo comercial, como eu disse no início, como serve para reforçar a idéia de que o papel único e exclusivo da mulher é, como diria o pessoal do Movimento Machão Mineiro, esquentar a barriga no fogão e esfriá-la no tanque. É fato que a coisa melhorou um pouco e, atualmente, lojas de roupas, concessionárias de veículos, perfumarias e casas especializadas em eletrônica e informática ganharam mais espaço na publicidade do Dia das Mães. Mas a grande maioria dos comerciais ainda é voltado para a venda de produtos que são para a casa, não para a dona da casa. E a mensagem é clara: qual filho vai dar uma batedeira de bolo para a mãe e dizer que ela não precisa fazer bolos, que ele sequer estava pensando nisso?

É claro que gosto de um bom almoço de domingo, de estar na companhia de pessoas de quem gosto, como minha irmã, minha sogra e minhas cunhadas. Gosto inclusive desse clima dos presentes etc. Mas é no Dia das Mães que a ausência de dona Maria José dói mais fundo. É por isso que, quando dona Laura Braga, mãe do cantor Roberto Carlos, partiu deste mundo, eu disse que poderia entender bem o que ele sentia, tanto pela proximidade do Dia das Mães, mas também pelo fato de eu estar longe de minha mãe quando ela se foi, exatamente como aconteceu com Roberto. Eis o porquê de uma certa melancolia de minha parte nesse dia, para muitos tão festivo. Mas eu espero que sempre haja mais gente para celebrar do que para se lamentar nessa data. E, de mais a mais, o Dia das Mães acabou, junto com o fim de semana. A segunda-feira está aí, portanto vamos voltar para a vida lá fora.

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